Boécio foi um filosofo, poeta e um dos fundadores da Filosofia teológica Ocidental. Foi preso, torturado e executado por uma acusação de traição ao Império. Durante a sua prisão, Boécio escreve o livro “A Consolação da Filosofia”, onde ele transpõe as suas dores, injustiças do mundo e questionamentos do porquê muitos homens destituídos de caráter se mantinham bem, e ele, caído em ruína e injustiça.
Embora nada estivesse ao seu favor, Boécio consegue encontrar equilíbrio dentro de si para lidar com as sombras que o cercavam. E assim prossegue alguns de seus pensamentos reflexivos:
“Por que, mortais, buscais fora de vós mesmos o que se encontra dentro de vós? O erro e a ignorância vos cegam, vou te mostrar rapidamente no que consiste a suprema felicidade. A teu ver, algo bem mais precioso que a tua própria vida? Não, responderas. Então se consegue ser senhor de ti mesmo, possuíras algo que jamais poderás perder, nem a fortuna te arrebatar”. (Fortuna; sorte. Mesmo que a ocasião não te seja favorável)
Diante de tal circunstância, ele nos convida a pensar que o que nós temos de mais precioso é o encontro que temos com nós mesmos. É o cuidar de si. É o equilibro entre as tormentas do mundo externo e o que em nós habita, mesmo que a ocasião não seja favorável, mesmo que o mundo não esteja ao nosso favor. Ser consciente de quem nós somos é o que nos torna seres livres, seres libertos de todas as ruínas e amarras do mundo. Boécio, mesmo em uma prisão, se sente livre; porque liberdade é um estado de alma. Liberdade é poder nos conectar com o nosso mais profundo ser e não deixar que o mundo externo interfira toda a essência que em nós habita. E esse, é um dos maiores bens; encontrar equilíbrio em meio às adversidades que nos cercam.
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